É o fim da música brasileira?
Me incomoda muito quando as pessoas dizem que a música brasileira está perdida, ou que determinado artista é o "salvador" dela. As coisas mudam, nada é pra sempre, e não é porque os artistas e as formas de produzir, divulgar e ouvir música estão diferentes, que estão ruins.
Essas falas tem até um tom eletista, como se certas pessoas fossem inalcançáveis. Minha mãe diz que é sempre assim, as pessoas sempre vão dizer que na época delas era melhor. Mas Ronaldo Bôscoli, o primeiro marido da Elis Regina, cantora que pode entrar nessa lista de pessoas, por contribuir muito para a música brasileira há mais de 50 anos, dizia que os Beatles eram garotos que não sabiam fazer música.
É uma opinião de um músico da época. E é assim que os Beatles eram encarados no começo. No começo, os mais velhos diziam que rock era coisa dos rebelbes que queriam fazer barulho. E os apaixonados por Beatles e as tantas personalidades do rock agora são os mais velhos.
Tem duas músicas da Elis que falam sobre isso. Na mais famosa, "Como Nossos Pais", ela diz que "é você que ama o passado e que não vê que o novo sempre vem", expressando sua frustrante impressão de que as pessoas não mudaram, não evoluíram muito. O que, por sinal, acaba sendo incrivelmente atual, já que tem uma galera hoje querendo que o Brasil volte a ser uma ditadura.
A segunda é "Velha Roupa Colorida", em que Elis canta: "você não sente, não vê, mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo, que uma nova mudança em breve vai acontecer. O que há algum tempo era novo, jovem, hoje é antigo, e precisamos, todos, rejuvenescer".
Por isso, quando te disserem que sentem falta dos velhos tempos, ou da antiga MPB, por exemplo, peça pra ouvirem ela com mais atenção.
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