Carta aberta ao futuro Rei do Piratas

 Caro Luffy,

O quanto você acredita em si mesmo é de fato "contagiante". E eu concordo com Shanks quando ele diz que o caminho para os nossos sonhos é o difícil. O problema é que eu... ainda não sei qual é o meu sonho. Mas pensando nas coisas que são importantes para mim, as coisas do coração... eu gosto de ajudar as pessoas, de estar disponível para auxiliá-las a resolver seus problemas e tirar suas dúvidas. Amo me comunicar, explicar coisas, passar informação. 

Mas confesso que em boa parte do tempo eu sou péssima nisso. Sério... Às vezes não explico o que importa para as pessoas que mais precisam saber daquilo, sou confusa, e simplesmente não consigo escrever um dos tipos de texto. E conquistar algo que acho que faz parte do meu possível sonho, exige que eu escreva bem esse tipo de texto (eles chamam de "Redação"). 

Por isso, às vezes é muito difícil acreditar que eu sou mesmo uma comunicadora, agente social, ou seja lá o quê. Nesses momentos eu sinto que talvez eu não vá me tornar uma estudante mais eficiente, nem encontrar mais pessoas à minha volta que me apoiem, como meus pais fazem, e nem merecer as coisas boas, momentos de "puxa, eu consegui" que gostaria de ter ao longo da vida.

Mas eu não tinha pensado e você me fez perceber que, para viver a vida, por mais confusa e inconstante que ela seja, é realmente necessário que algo nunca mude. Que tenhamos uma âncora, algo que nos guie, que nos faça levantar depois que caímos ou dormimos, algo de que nunca larguemos mão ou desacreditemos, algo como o que seu chapéu de palha é para você. 

Quando você teve que escolher entre recuperar seu chapéu ou o mapa que tanto queria, você priorizou o chapéu, e Buggy, vilão que você estava enfrentando, foi correndo até o mapa, porque achou que sua única opção era "ser mau", fazer algo de que ele nem tinha certeza, no fundo de seu coração, se seria o melhor. Talvez alguém devesse dar a ele um chapéu de palha.

Como Emicida, quando propôs que escrevêssemos cartas de amor a todo mundo. Todo mundo... eu gostaria de viver em um mundo onde todos recebessem cartas de amor. Um mundo onde fizéssemos as coisas chatas, como trabalhar, servindo a um propósito, o de garantir que nós e outras pessoas que nem conhecemos, mas que sabemos aue precisam de nós, permaneçam vivas e com qualidade de vida, ao invés de dar tudo para quem já tem o bastante.

Obrigada por me mostrar que não devemos nunca deixar que nos digam o que podemos ou não, somos capazes ou não, queremos ou não, vamos ou não, fazer. Eu já me desesperei inúmeras vezes, mesmo com tão pouca idade, mas olha só, eu ainda quero uma coisa, com a mesma vontade de sempre. Então vou cuidar dessa vontade, com muito carinho. Afinal, por enquanto, ela é o que eu tenho do meu chapéu de palha.